Impromptu Op.1




Quero postar alguns dos meus rabiscos que gosto de chamar de Impromptu (improviso, do alemão, usado na linguagem musical para uma música resultante de improvisos). Eles não tem conexão com nada, nem tem algum significado maior, pura aleatoriedade literária.


O desentendido


Parte de mim repartia minhas vontades, meus desejos, meus anseios, outra parte era sólida, fria e perspicaz. As duas ainda brigam, à noite, pelo lugar do meu sono (e sonhos). De manhã esfrego meu rosto com água fresca, desejoso de esquecer quantos dias lavei minhas mágoas com água ainda suja. Quantos invernos, primaveras – o tempo entre estas duas – e outras tantas sensações são necessárias para entendermos qualquer coisa que seja que valha a pena querer vivê-las novamente? Não passa despercebida a folha que cai, se esta cair em meu nariz, se esta me disser bom dia, ou se o inverno esquentar meus pés enquanto passeio despreocupado. Tudo é resposta ou pergunta? Basta parar, respirar e entediar-se com a falta do que fazer: não há maior tédio que notar um mundo maravilhoso onde você não pode entender o canto dos pássaros.
O teatro

Resgatei respostas para meus labirintos em mapas desgastados, o anfiteatro de meu presente: meu passado. Lá todos precisam ficar em silêncio, o teatro está acontecendo e ele deve ser respeitado em sua beleza e magnitude. A peça todos conhecemos, estamos sempre com o figurino para atuar nela, embora não tenhamos nunca encontrado roteiro algum (isso angustia a todos, deixa-nos inseguros em quase todas nossas “improvisações”, nunca conseguimos esconder o frio na barriga), precisamos atuar da mesma forma, toda manhã a cortina se abre: a peça se chama “presente”.

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